As cantigas no trovadorismo eram todas cantadas, de maneira que fossem somente escritas e reunidas em volumes que reúnem os materiais literários trovadorescos. Existem quatro tipos de cantigas: amor, amigo, escárnio e de maldizer. Especificamente trataremos nessa publicação a cantiga de amor:
Cantigas de Amor
Originadas na Provença (sul da França) nos séculos XI a XIII, retratando um amor cortês. Quando colonos franceses foram para terras lusitanas, o casamento de nobres portugueses com moças francesas aconteceu em Portugal, misturando as nacionalidades. Assim, estabeleceu uma relação comercial com a França, além deste intercâmbio cultural.
O ambiente dessas cantigas sempre é o palácio, onde aquele que escreve declara o seu amor pela dama, a mulher amada com o comportamento cortês, típico dos padrões medievais. Essas idealizações, as figuras exaltadas da mulher e o amor platônico após o trovadorismo retorna no romantismo. Esse, por sinal, baseia-se justamente em cantigas trovadorescas de amor.
O casamento da nobreza era realizada por conveniência, não por amor. E a mulher não possui direitos, tinha que se conformar e se padronizar àquilo que o homem medieval empregava. A Idade Média foi um período de retrocesso e atraso na sociedade, já que a ciência, as novidades artísticas ficaram limitadas pelo poder da Igreja.
A mulher ainda é vista como um ser inatingível, podendo retratar seus sentimentos como uma deixa à loucuras e até mesmo a morte.
Uma das cantigas de amor muito famosas e que deu grande marco nesse período literário que analisaremos é a seguinte:
Cantiga da Ribeirinha
(Paio Soares)
No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a minha continuar como vai,
porque morro por vós, e ai!
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que vos retrate
quando vos vi sem manto!
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia!
- Essa estrofe retrata a percepção do eu-lírico da mulher ao vê-la em trajes que não são comuns de vê-la vestida. Com isso vemos a padronização no modo de vestir das mulheres. E o que esse trecho retrata não é dizer que estava indecente ou sem roupas.
- O eu-lírico nota uma beleza antes não notada nela. Então demonstra que se apaixonou no verso "que não vos vi feia". ou seja: ele não a viu mais feia.
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me foi muito mal,
e vós, filha de bom Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós o manto
pois eu, minha senhora, como mimo
de vós nunca recebi
algo, mesmo sem valor.
http://nota10novestibular.blogspot.com.br/2015/02/cancao-da-ribeirinha.html
- Nesse estrofe notamos a esperança que ele possui e a idealização nesse amor platônico, a uma espera de um olhar da amada. Note o patamar em que a dama está: superior ao homem, uma vez que sua felicidade depende da mulher aceitá-lo.
- Comparando ao sistema feudal, vemos a hierarquia: a mulher representa o suserano (senhor feudal), enquanto o eu-lírico, o vassalo.
- Há um subjetivismo nessa cantiga, por passar o sentimentalismo, o interior dos sentimentos que quem escreve está passando no momento.
- Ainda existe o egocentrismo, já que o eu-lírico não vê a possibilidade da recusa e de um não amor correspondente a ele.
- Por fim, a dor amorosa é representada, constantemente mostrada como um sofrimento que ele passa e se lamenta por não ser correspondido.
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