A proposta que se segue foi retirada da prova da UFPR de 2012/2013. A
partir dela você poderá construir o seu texto dissertativo. Boa dissertação!
TEXTO 1: Relato do historiador romano Tácito (XIV, 17) de um incidente ocorrido em 59 d.C.
Um incidente sem importância provocou uma horrível
matança entre os colonos de Nucéria e Pompeia. Aconteceu durante um
combate de gladiadores oferecido por Livônio Régulo. Como ocorre
comumente em pequenas cidades, trocaram-se insultos, em seguida, pedras,
chegando-se, por fim, às espadas. A plebe de Pompeia, onde se realizava
o espetáculo, levou a melhor. Muitos nucerianos, feridos e mutilados,
eram levados para sua cidade. Muitos choravam a morte de um filho ou um
pai. O príncipe (Nero) instruiu o Senado para investigar o caso. O
Senado deixou-o a cargo dos cônsules. Quando recebeu as informações, o
Senado proibiu, por dez anos, a realização, por parte de Pompeia, de
reuniões daquele tipo (jogos de gladiadores), e as associações legais
(torcidas organizadas) foram dissolvidas. Livônio e seus cúmplices na
desordem foram exilados.
TEXTO 2: Crônica de Nelson Rodrigues.
Nós, os mortais
Amigos, é certo que houve o diabo, anteontem, no Maracanã. Poucas
vezes, desde que me conheço, tenho visto uma partida tão truculenta. Foi
pé na cara de fio a pavio do jogo. E quando soou o apito final, só uma
coisa admirou: é que ninguém tivesse saído de maca ou rabecão.
Mas o futebol é muito divertido. À saída do estádio, só vi gente
vociferando contra a indisciplina. Um sujeito fazia uma espécie de
comício. Dizia, de olho rútilo e lábio trêmulo: “Isso é uma vergonha!”.
Fazia o suspense de uma pausa e reforçava: “Uma pouca-vergonha!”. Só eu
no meio de tantos, de todos, não estava nada irado, nada ultrajado.
Sempre que vejo dois times baixarem o pau, concluo, de mim para mim:
“Eis o homem”.
Pode ser lamentável e acredito que seja lamentável. Mas, que fazer se é esta, exatamente esta, a condição humana? A rigor, ninguém tem o direito de se espantar com o alheio pecado. O homem sempre foi assim, desde o Paraíso e antes do Paraíso.E nenhum jogador vai para o inferno só porque meteu o pé na cara de outro jogador.
Pode ser lamentável e acredito que seja lamentável. Mas, que fazer se é esta, exatamente esta, a condição humana? A rigor, ninguém tem o direito de se espantar com o alheio pecado. O homem sempre foi assim, desde o Paraíso e antes do Paraíso.E nenhum jogador vai para o inferno só porque meteu o pé na cara de outro jogador.
Todos nós temos o fanatismo da disciplina, mas creiam: é um fanatismo
suspeito ou, como dizia outro, de araque. A disciplina foi feita para o
soldadinho de chumbo e não para o homem. E o futebol tem de ser
passional, porque é jogado pelo pobre ser humano. A grandeza de um
clássico ou de uma pelada está em que fornece uma imagem fidedigna do
homem. Assim somos todos nós.
Quando a multidão vaia um jogador feroz, está agindo e reagindo como
um Narciso às avessas que cuspisse na própria imagem. Ninguém é melhor
do que ninguém. Se a multidão estivesse no lugar do jogador faria a
mesma coisa e, se o jogador estivesse no lugar da multidão, vaiaria do
mesmo jeito. Portanto, eu não consigo me escandalizar com a baderna de
anteontem.
Eu me espantaria, sim, se, ao ser agredida, a vítima retribuísse com
um beijo na testa. Mas se o agredido esperneia, tenho de admitir a
lógica do seu comportamento. Há, também, o caso do juiz. A meu lado, um
confrade esperneava: “Inconcebível!”. E, de fato, o árbitro fez o diabo.
Só faltou subir pelas paredes e se pendurar no lustre de cabeça para
baixo. Está certo: S.Sª errou. Mas pergunto: por que cargas d’água só o
juiz há de ser o incorrupto, o infalível, se nada disso pertence à
condição humana?
Se reis, príncipes, barões cometeram as maiores iniquidades, por que
um juiz de futebol há de ser irrepreensível? Se Maria Antonieta fez uma
piada sobre a fome; e se pagou essa piada com a cabeça – o árbitro de
anteontem pode marcar um pênalti errado. Amigos, a disciplina é uma
convenção. E qualquer convenção nasce e existe para ser violada.
Casos de violência no esporte e brigas entre torcidas, como os
relatados nos textos 1 e 2, são notícias recorrentes na atualidade.
Diante dessas ocorrências, você concorda com a opinião de Nelson
Rodrigues? Apresente seu ponto de vista em um texto, atendendo às
seguintes recomendações:
- Use as regras válidas como se estivesse fazendo a redação no dia da prova, utilizando a escrita culta da língua portuguesa;
- Mencione fatos da atualidade;
- O texto deve ter no mínimo 20 linhas e no máximo 30 (pode ter um pouco menos ao ser digitada no computador);
- Não esqueça do título.
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