segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O que fizeram e fazem com os rios de São Paulo


            São Paulo que cresceu entre Anhangabaú e Tamanduateí, pela ideia do “progresso” ainda no século XIX começaram as ideias de modificação do espaço geográfico da região paulista.  Muitos trens partiam do interior trazendo produtos agrícola, principalmente o café até o Porto de Santos.
            A culpa por existirem muitas rodovias que hoje são responsáveis pelos trânsitos na cidade, cujos carros poluem o meio ambiente e afetam a saúde dos demais seres, além à do ser humano. Ao invés de uma opção por ferrovias, com estratégias políticas e incentivadas pelas automobilísticas, aos poucos São Paulo foi alterando suas características e se adaptando a ideia do automóvel particular.
            O rio Tietê passou por vários processos degradativos em seu curso. Ele faz o contrário de muitos rios devido as escarpas da Serra do Mar, indo de Salesópolis para o rio Paraná. Ele foi considerado um empecilho ao capital pelas suas curvas e baixas declividade. Além disso, nunca voltava ao seu normal após estiagens. É um processo natural que ocorre até hoje, a inundação de várzeas. Consequentemente trazia doenças para a população, como varíola, febre amarela, tifo, gripe espanhola e peste bubônica.
            Para passar as adversidades e driblar a natureza, sem pensar em consequências futuras, iniciaram-se obras de retificação em canais de Osasco Anastácio e Inhaúma. É certo que os pretextos usados para que as obras ocorressem era a decisão de expansão capitalistas e de saúde pública com as doenças que atingiam pessoas que moravam as redondezas do rio pela desigualdade social.  

Retificação do Tietê (Imagem retirada dehttp://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/12/imagens/i320097.jpg)
         Além da retificação, foram construídas algumas rodovias ao lado do rio por péssimos projetos de engenharia e construção civil e com uma falta de gestão e planejamento adequados e conscientes das drásticas e caóticas consequências.
            Não é nada complicado saber que, ao impermeabilizar o solo, está afetando diretamente no meio ambiente e nas condições de vida da população. Logo que o rio passa por um processo de cheias, a água escorre pela sua várzea. Trata-se de um processo normal. Ao retirar o solo do local, não há como ser absorvida, então tem-se o processo de enchentes. Alguns rios afetam principalmente as classes mais periféricas e que possuem menos condições e passam a morar ao lado de rios por uma deficiência governamental e de fiscalização.
            A questão vai além disso, canalizar um rio permite a sensação de querer esconder um recurso natural e que estava muito antes do ser humano chegar. É inclusive lugar de muitos seres vivos e que não podem ser julgados como inferiores ou menos importantes que humanos, que possuem mesmo grau de importância. A ideia de que somos seres superiores sempre deve ser deixada de lado, tanto que hoje é muito difícil – ao perguntar para as pessoas – classificar a mulher e o homem como animais. Se fosse para listar animais que venham, raramente nos colocam no meio. Sempre querendo distinguir-se dos seres vivos pela capacidade de agir “racionalmente”. O contraditório é que muitas ideias racionais na verdade são de consequências péssimas que parecem de um planejamento feito inconsequentemente, sem razões.
Saturnino de Brito já sabia de que essas implicações seriam feitas e que por esses erros afetariam o ambiente. Ele colocou em seu projeto a preservação das áreas que seriam alagadas para ajudar a conter as enchentes. Ele via a importância de preservar o Tietê, Pinheiros e Guarapiranga, principalmente pela importância no abastecimento de água. Mas, seu projeto foi irrelevante pelo governo e a administração, por isso foi descartado dando preferências ao Plano de Avenidas de Francisco Prestes Maia. Os principais problemas decorrentes foram de enchentes e poluição, obtida principalmente com as emissões de indústrias que tiveram suas instalações facilitadas com  as alterações nos cursos dos rios, ao preferir o plano de Maia.
E até agora, o rio Tietê foi usado como uma analogia, pois vários rios passaram por canalizações e retificações. A Light foi a responsável por este processo no rio pinheiros, importante nos conceitos vistos na Billings e Guarapiranga. O curso foi inclusive invertido para que fosse do Tietê-Pinheiros até a Billings.
Projeto de Saturnino Brito (Imagem retirada de http://www.mobilize.org.br/midias/noticias/projeto-de-retificacao-do-tiete-saturnino-de-brito-1924.jpg)




    O vídeo, retirado do YouTube, Entre Rios, explica de maneira clara e concisa o processo de urbanização de São Paulo e o que aconteceu na relação homem - natureza.



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